terça-feira, 30 de setembro de 2014

Do e das.


 Das ondas de som que ouço no dia
Dos gritos que ouço da moça com medo da gia
Dos fatos que saem do rasgão do meu travesseiro
Ou do mato que nasce na beira da calçada cinzento e grosseiro

 É dos carros que param no sinal e me forçam a pedir
Da escola que só vou final de semana pra jogar bola e me divertir
E do vento frio que faz na cantina ou mesmo na esquina
Que esquenta esse pensamento dócil de quem vive nessa campina.

 Do sol morno das sete horas dos relógios alheios,
Do óleo que desse de tantos outros freios
Da garrafa pet que trago em mãos pra não sentir mais fome
Ou da ilusão que muitas pessoas fazem, mulheres e homens.

Da verdade e da mentira que me conto todos os dias,
Do romance e da poesia que nos rostos de tantas Marias
Do sol que brilha e do seu salário do dia um
É disso tudo que tenho ódio, mesmo que não tenha nem um.

Autor: Eduardo Machado

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